A ARTE DA INGRATIDÃO
A ARTE DA INGRATIDÃO
A ingratidão faz perder a afeição, já dizia meu padrinho e professor Evandro Martins.
Já sofri diversas decepções nesta minha - ainda- breve vida, mas poucas me trouxeram tanta angústia como a ingratidão.
Ah, como são autênticas estas palavras.
Sempre fui muito aberto a novas amizades e por onde andei sempre tentei dar o melhor de mim.
Mas a verdade é que no meio em que me criei me deparei com uma turba de ingratos:
Amigos que não corresponderam na mesma medida a amizade oferecida vieram aos montes;
Pessoas que em meio a tantas dificuldades foram socorridas e depois quando poderiam ter retribuído agiram com indiferença;
Quanto "filhos espirituais" gerei no meu tempo de evangelizador na paróquia onde fui missionário que depois de receber tantas graças, fizeram como a comunidade que levaram São Sebastião a ser flechado pelos soldados romanos;
Quantos parentes que tanto depositei amor e amizade, depois de um tempo, por motivos fúteis, passaram a ignorar que em nossas veias corriam o mesmo sangue;
O que não dizer de tanta dedicação e esforço para edificar um lar e em troca palavras de desprezo pelos bens conquistados.
Não se enganem, a ingratidão dói!
Dói no coração da mãe ou do pai que depois de tanta dedicação aos filhos é abandonado em um asilo;
Dói no coração paterno que já há muito tempo não é visitados por seus filhos;
Dói no coração do enfermo abandonado pelos entes queridos no leito de um hospital;
Dói no coração daquele que teve uma recusa de convite para comemorar em uma festa uma data importante;
Dói no coração do amigo esquecido e não mais visitados;
Dói no coração daquele velho sacerdote abandonado e esquecido pela comunidade;
Dói no coração do profeta rejeitado e desprezado pelo povo de Deus;
Dói no coração do afilhado esquecido por seus padrinhos;
Dói no coração do padrinho ignorado por seus afilhados;
Dói no coração do marido ou esposa traído e trocado depois de tanto amor e dedicação;
E esta dor assassina a afeição: - A ingratidão faz perder a afeição.
Assim narra o Evangelista Lucas:
"Sempre em caminho para Jerusalém, Jesus passava pelos confins da Samaria e da Galileia.
Ao entrar numa aldeia, vieram-lhe ao encontro dez leprosos, que pararam ao longe e elevaram a voz, clamando:*
“Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!”.
Jesus viu-os e disse-lhes: “Ide, mostrai-vos ao sacerdote”. E, quando eles iam andando, ficaram curados.
Um deles, vendo-se curado, voltou, glorificando a Deus em alta voz.
Prostrou-se aos pés de Jesus e lhe agradecia. E era um samaritano.
Jesus lhe disse: “Não ficaram curados todos os dez? Onde estão os outros nove?
Não se achou senão este estrangeiro que voltasse para agradecer a Deus?!”.
E acrescentou: “Levanta-te e vai, tua fé te salvou”." (Lucas 17,11-19)
Imaginem o quanto desagrada a Deus a pessoa do ingrato!
Um ingrato sempre surge depois que você tem compaixão dele.
Mas não é necessário generalizar, a gratidão as vezes vem (da pessoa que você menos espera!)
A ingratidão faz perder a afeição!
Não espere muito de Deus se você não for grato às graças alcançadas.
Não espere muito do homem culto depois de um ato de ingratidão.
Numa destas reflexões tão belas o professor Olavo de Carvalho ressaltava: "O Brasil é um dos poucos países do mundo onde o cidadão passa anos fazendo o bem e com UM único erro, todos os bens anteriores feitos são ignorados."
E é assim, você faz o bem a uma pessoa durante décadas se uma única vez você não puder ajudá-lo, então, todo bem feito anteriormente é ignorado.
Dizia um amigo: "Quer conhecer sua mulher de verdade, separe-se dela! Assim saberá se valerá a pena todo bem feito à ela."
Corra dos ingratos como se corre da serpente prestes a dar um bote. Pessoas assim te ferirão, esteja certo disto!
Em contrapartida, não seja ingrato! Agradeça sempre e retribua a todos que te socorrer em suas necessidades.
Dentre todos as pessoas que já ajudei na vida, pude perceber que os que mais me fizeram o bem foram os pobres e os mendigos. Raras vezes dei uma moeda a um necessitado sem que ele me despedisse com um "Deus te abençoe!" , "Deus te dê em dobro" ou "Jesus não deixe te faltar nada".
Diante disto, pude perceber que cada um retribui ao próximo o que tem de melhor: A uns um simples "Deus te abençoe" a outros "ingratidão".
Em Mateus 25 o Evangelista nos narra:
"Ele se voltará em seguida para os da sua esquerda e lhes dirá: ‘Retirai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno destinado ao demônio e aos seus anjos.*
Porque tive fome e não me destes de comer; tive sede e não me destes de beber;
era peregrino e não me acolhestes;
nu e não me vestistes; enfermo e na prisão e não me visitastes’.
Também estes lhe perguntarão: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome, com sede, peregrino, nu, enfermo, ou na prisão e não te socorremos?’.
E ele responderá: ‘Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que deixastes de fazer isso a um destes pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer’.
“E estes irão para o castigo eterno, e os justos, para a vida eterna.”
O que estas passagem do Evangelho tem haver com nossa reflexão?
E Deus quem nos dá tudo por providência: O que comer, o que beber, o eu vestir, onde morar, o trabalho e consequentemente nossas finanças, etc.
E o mínimo que podemos fazer para mostrar gratidão é socorrer o próximo em suas necessidades.
Retirai-vos de mim ingratos! A quantos não temos vontade de exclamar assim, não?!
Muitos possuem uma arte única, a arte da ingratidão. A estes tipos de artífices só é necessário o distanciamento até que percebam o mal que nos fazem.
No mais, vivamos e não sejamos ingratos a ninguém.
William M Oliveira
Luziânia-GO, 03 de fevereiro de 2019.
Comentários
Postar um comentário